A mais recente invenção da Nutribén, uma marca especializada em alimentação infantil, é uma péssima ideia. Chama-se Nutrispoon e é uma colher com suporte para o celular que, ao instalar um aplicativo, projeta imagens holográficas enquanto alimenta o bebê.
O dispositivo não gostou dos especialistas ou de muitos pais que inundaram as redes com críticas à marca. Nem toda inovação é boa quando se trata de incentivar bons hábitos alimentares no bebê. Nós explicamos os erros que vemos no conceito de colher.
Atualização 11/3: O vídeo inserido aqui não está mais disponível. Foi eliminado pela Nutribén, como podemos ler neste tweet.
Replying to @Botafogo @botafogooficial
- Nutriben (@FamiliaNutriben) 11 de março de 2018
Os pais do anúncio dizem que "Agora é muito mais fácil alimentá-lo e aproveitamos o momento mais" e a marca sustenta que o produto foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de engenheiros, programadores e psicólogos. Mas nós vemos vários erros:
1) Telas antes de dois anos
Já começando, um celular interferindo na hora das refeições é contraproducente para os mais pequenos, não importa o quão divertido você projete. Lembre-se de que a Academia Americana de Pediatria sugere evitar a exposição de bebês até 18 meses às telas e acrescenta que o uso de dispositivos antes de dois anos pode atrasar o desenvolvimento da fala em crianças.
2) Coma mecanicamente
Enquanto comem, parecem divertir-se e comer tudo mais rápido e sem protestos. Mas existe o problema. Quando a criança come na frente de uma tela, ela come mecanicamente, sem prestar atenção ao que ele come. Isso impede que o bebê, que está aprendendo a comer, possa apreciar adequadamente os diferentes sabores e aprender a reconhecer as diferentes texturas dos alimentos, essenciais para estabelecer uma relação positiva com os alimentos.
3) Brinque com comida sim, brinque enquanto come não
O anúncio menciona que é positivo que as crianças brinquem com a comida. E sim é. Favorece o desenvolvimento cognitivo e enriquece completamente sua experiência alimentar. Mas deixe-os jogar com a comida, tocando, explorando, provando, saboreando e escolhendo comida nova, não brinque enquanto come. Há uma grande diferença.
4) Aumentar o risco de obesidade
Essa ação mecânica de comer ajuda a criança a comer mais perdendo a sensação de saciedade. Segundo um estudo da CinfaSalud, 71% dos pequenos espanhóis comem enquanto assistem televisão, assistem a um tablet ou manipulam um smartphone, um mau hábito que aumenta o risco de obesidade infantil.
5) Não é bom para os olhos
As imagens são projetadas apenas uma extensão dos olhos do bebê e podem causar irritação nos olhos e afetando sua visão em desenvolvimento.
6) Não interaja com os pais
A hora de comer deve ser um momento de interação com o bebê, sem interferência das telas. Criar um ambiente positivo em torno da mesa da família é essencial na educação nutricional de nossos filhos. É assim que eles aprendem desde a infância um espaço de comunicação entre membros da família e não apenas uma mesa onde nos sentamos para comer enquanto todo mundo olha para a tela do celular (algo que infelizmente acontece muito hoje).
7) Nem plano nem engano
Comida não é uma questão de engano ou forçar a criança a comer tudo. Coerce-os com brinquedos, truques ou imagens holográficas, para que não prestem atenção à comida, acaba sendo contraproducente.
Se houver algo que eles não gostem ou se seu filho for exigente quanto à comida, não pressione. Foi demonstrado que, até que um bebê aceite um novo alimento, ele deve ter sido oferecido antes de 10 e 15 vezes. Os bebês escolhem, eles tentam, eles aprendem a comer naturalmente, sem truques ou atalhos.
Os especialistas, indignados
O pediatra Julio Basulto considera uma "loucura perigosa", enquanto Alberto Soler, pai e psicólogo, não dá crédito ao real.
Obrigado, estive no caso graças a @asolers: //t.co/UykG169jT4 Que majadería perigosa.
- Julio Basulto (@JulioBasulto_DN) 8 de março de 2018
Não acredito ... não pode ser verdade ... Acontece que a @FamiliaNutriben desenvolveu uma colher de bebê com SUPORTE MÓVEL embutido. E não, não é uma piada, é real. Você pode vê-lo no site deles ... Somos todos loucos? Pare com isso que eu saia, realmente (-‸ლ) pic.twitter.com/1LGvEZipIM
- Alberto Soler (@asolers) 8 de março de 2018
A reação Nutribén
Ao anunciar o lançamento, os comentários negativos sobre Nutrispoon começaram a chover, e a marca não reagiu bem às críticas recebidas no Twitter: "Quão sério é ficar assim?"
É apenas uma alternativa, um protótipo para se a qualquer momento um pai quiser alimentar seus filhos e se divertir um pouco com eles de uma maneira diferente. Quão sério é ficar assim? Respeitamos todas as opiniões, mas acreditamos que tudo isso já está sendo retirado do contexto ...
- Nutriben (@FamiliaNutriben) 8 de março de 2018
Muita agitação com #nutrispoon de #nutriben. Nesta etapa, será um tópico de tendências. Saiba que foi desenvolvido por uma equipe multidisciplinar de engenheiros, programadores e psicólogos, entre outros, por mais que você pense em uma notícia do @elmundotoday ;-)
- Nutriben (@FamiliaNutriben) 8 de março de 2018
O Nutrispoon já é uma realidade, mas ainda não desenvolvemos sua produção em nível industrial. Nascido como um protótipo testado. Não é comercializado. Mais do que dizer (isso também), recomendamos que você participe do concurso e opte por >> >>t.co/oNBklkRMyh
- Nutriben (@FamiliaNutriben) 8 de março de 2018
A atitude de não aceitar críticas ou pedir desculpas fez com que alguns respondessem com maior ênfase:
Ouça @FamiliaNutriben, colocando em risco a saúde da criança, como @asolers (//t.co/UykG169jT4) disse, e não apenas pedir desculpas, mas ser ofendido é a última gota. //t.co/OHCQybTX1c
- Julio Basulto (@JulioBasulto_DN) 8 de março de 2018
Finalmente, após a agitação causada e para resolver a controvérsia, Nutribén pendurou em uma declaração que esclarece que "a colher não é comercializada e é apenas um elemento de comunicação".
#NutriSpoon # Nutribén pic.twitter.com/VXiYIODawC
- Nutriben (@FamiliaNutriben) 9 de março de 2018
Se eles planejavam comercializá-lo, visto o que viam, poderiam pensar melhor.
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